Eles chegaram de mansinho nas redes sociais. Pipocava um post aqui, outro ali, de pessoas, na maioria mulheres, publicando fotos de desenhos coloridos por elas e contando como a atividade as fazia relembrar a infância, relaxar e desestressar.
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Aos poucos, os livros de colorir para adultos foram tomando de assalto as vitrines das livrarias e começaram a aparecer em matérias de jornais e TVs. Grupos se formaram no Facebook para trocar ideias sobre materiais e técnicas. E a atividade virou febre.
O principal responsável pelo boom é o livro “Jardim Secreto” da ilustradora escocesa Johanna Basford, lançado em 2013. O título traz desenhos detalhados de plantas, flores e animais e já vendeu cerca de 1,5 milhão de cópias no mundo todo. Johanna também é autora de “Floresta Encantada”. Com o sucesso da ilustradora, outros títulos vieram a reboque. Editoras brasileiras já estão encomendando os seus a ilustradores locais.
Para mamães e papais que aderiram ao hobby, uma dica é aproveitar a empolgação para convidar os filhos para participarem da brincadeira de colorir e desenhar.
Segundo Rosa Iavelberg, doutora em artes e professora e pesquisadora do curso de pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), desenhar é uma atividade importante para as crianças, já que envolve diversas ações como pensar, sentir, perceber e agir. “Desde os primeiros rabiscos, o desenho é simbólico. É uma brincadeira na qual a criança trabalha alguma experiência”, disse em entrevista ao Cabeça de Criança.
Para Rosa, porém, dar uma figura pronta para a criança pintar é “roubar” um pouco do desenvolvimento da criação. O desenho livre tem um significado mais profundo do que colorir formas já estabelecidas, já que ajuda a desenvolver o mundo simbólico e o plano expressivo e comunicativo.
Veja algumas dicas da professora para que os pais estimulem seus filhos a curtirem a arte de desenhar:
– Não é ruim ou errado dar figuras prontas para a criança pintar, mas intercale essa atividade com o desenho livre. Deixe que seu filho escolha cores e materiais.
– Se o desenho não for claro, não pergunte especificamente o que a criança desenhou. Esse tipo de questionamento remete a algo figurativo. Ela pode se sentir insegura se não conseguir explicar formas que vieram da sua imaginação. Em vez disso, peça para ela falar sobre a sua arte.
– Não existe desenho feio, pior ou melhor que outros. Os traços não precisam parecer reais. Não compare habilidades entre irmãos.
– Incentive seu filho a desenhar preparando um cantinho adequado para essa atividade e deixando materiais à disposição. Ofereça-os como você oferece outros tipos de brinquedos.
– Demonstre interesse pelos desenhos e valorize-os. Guarde, fotografe, exiba os preferidos na parede ou poste nas redes sociais.
Veja matérias da revista IstoÉ sobre os livros de colorir:
Foto desenho: Julio Garciah /
Foto Floresta Encantada: Aimee